
O treino de alta intensidade nas suas diversas modalidades, pode ser utilizado pelos profissionais do exercício e da atividade física no sentido de melhorar a performance, indicadores de saúde e a composição corporal dos indivíduos com quem trabalham. Sendo o treino de alta intensidade, por definição um tipo de treino de menor duração quando comparado com o treino contínuo de intensidade moderada, mas que poderá trazer benefícios semelhantes em termos de performance e composição corporal, apresenta-se desta forma como uma solução potencialmente mais eficaz e eficiente na consumação desses objetivos.
O facto de a falta de tempo ser muitas vezes apontada como um impedimento à manutenção de um nível de atividade física adequado, contribui para a perceção de que o treino de alta intensidade poderá levar a uma mais fácil mudança de comportamento e a um aumento dos níveis de atividade física. Por outro lado, os possíveis benefícios ao nível da melhoria da capacidade aeróbica, metabolismo lipídico, função vascular e equilíbrio, bem como na melhoria da densidade óssea na população mais velha, poderão também contribuir para uma maior adesão a este tipo de treino. Outro fator determinante poderá ser a relação entre o treino de alta intensidade e a perda de peso, ou seja, este tipo de treino pode levar a uma redução semelhante ou superior dos níveis de massa gorda, quando comparado com o treino contínuo de intensidade moderada. Tendo em conta que o treino de alta intensidade, não parece aumentar os níveis de lipólise nem de oxidação de ácidos gordos, mas sim aumentar o dispêndio de glicogénio, os seus aparentes benefícios na redução de massa gorda, poderão estar relacionados com o período pós-treino. Após o treino, o metabolismo mantém-se ligeiramente elevado durante um determinado período de tempo que pode ir de uma a catorze horas, dependendo da intensidade do treino. Contudo este efeito não parece por si só ser capaz de induzir uma redução significativa da massa gorda, devendo ser equacionado com outros fatores associados ao treino de alta intensidade, tais como o aparente efeito positivo na regulação do apetite.
Tendo em conta as aparentes vantagens do treino de alta intensidade, quando comparado com o treino contínuo de intensidade moderada, é expectável que o interesse por este tipo de treino tenha vindo a aumentar, assim como a sua adoção por um número cada vez maior de pessoas e instituições, tendo estado nos últimos anos, sempre nos primeiros cinco lugares da lista de tendências do fitness da ACSM. Posto isto, acreditamos que é pertinente compreender se o treino de alta intensidade é tão seguro como o treino contínuo de intensidade moderada, ou se pelo contrário, devido à questão de a intensidade ser maior, a prevalência e incidência de lesões também será maior.
…continua na parte II
Referências:
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Viana, R. B., Naves, J. P. A., Coswig, V. S., de Lira, C. A. B., Steele, J., Fisher, J. P., & Gentil, P. (2019). Is interval training the magic bullet for fat loss? A systematic review and meta-analysis comparing moderate-intensity continuous training with high-intensity interval training (HIIT). Br J Sports Med, 53(10), 655-664. https://doi.org/10.1136/bjsports-2018-099928