Preparação física no Golfe: Importância para o Desempenho e Prevenção de Lesões

O golfe é um desporto que requer uma combinação de várias capacidades técnicas, mentais e físicas. Embora muitos jogadores de golfe se concentrem principalmente na mecânica do swing (a tacada) e nos restantes aspetos técnicos associados ao jogo em si, a importância da preparação física não pode ser negligenciada. Os jogadores que seguem um programa de preparação física bem projetado, estruturado e devidamente acompanhado, podem melhorar significativamente o seu desempenho no campo, reduzir o risco de lesões e melhorar o seu estado de saúde em geral.


Para jogar golfe ao mais alto nível, os golfistas precisam de aperfeiçoar um conjunto de componentes físicas, tais como, estabilidade, mobilidade, equilíbrio, força, potência e resistência. As tacadas de golfe podem gerar muita força rotacional e envolvem todo o corpo, com especial ênfase para a participação da região da bacia, tronco e região dos ombros, antebraços e punhos. Os jogadores que não dão a devida atenção à preparação física, podem ter dificuldades com a mecânica do swing, levando a tacadas inconsistentes e desempenho reduzido, bem como a um possível aumento do risco de lesão, sendo que as lesões mais prevalentes são as que estão associadas à região lombar, ombros, cotovelos e punhos.


Embora pareça que o golfe é menos exigente fisicamente do que outros desportos, devemos ter em consideração que o swing de golfe é uma série complexa de movimentos integrados, envolvendo um grande número de músculos e articulações, nos quais forças significativas de até 8 vezes o peso corporal podem ser exercidas. Para além disso, um atleta profissional de golfe executa uma média superior a 2000 swings por semana em treino e competição. Assim sendo, o risco de lesões tem de ser considerado pelo especialista responsável pela preparação física do atleta, devendo estar ciente dos locais anatómicos mais afetados.


A literatura científica aponta para uma forte evidência no sentido da associação entre um programa de preparação física devidamente planeado e estruturado e uma melhoria da performance e redução do risco de lesões.
Um programa de preparação física específico para o golfe deve incluir as seguintes componentes:

  1. Avaliação: O primeiro passo no desenvolvimento de um programa para o golfe é fazer uma anamnese, de forma a conhecer o histórico do jogador, por exemplo, questões de saúde, lesões que teve, necessidades, etc., de seguida avaliar o nível de condicionamento físico atual do golfista e fazer uma análise biomecânica através de testes específicos.
  2. Definição de metas: Uma vez concluída a avaliação, o jogador de golfe e o especialista, devem trabalhar juntos para definir metas específicas, mensuráveis, alcançáveis, relevantes e com prazo definido.
  3. Desenho do programa: Com base na avaliação e definição de metas, o especialista deve elaborar um programa individualizado que inclua treino de força, estabilidade e equilíbrio, mobilidade, potência, e resistência. O programa deve ser progressivo, adaptado ao indivíduo, desafiador e específico para o golfe.
  4. Implementação: O jogador de golfe deve trabalhar com o especialista no sentido de implementar o programa, seguindo-o de forma consistente e fazendo os ajustes necessários baseados numa boa comunicação mútua.
  5. Acompanhamento e Reavaliação: O especialista deve acompanhar o progresso do golfista e avaliar a eficácia do programa. Podem ser feitos ajustes conforme necessário para garantir que o jogador continua a progredir e a alcançar os seus objetivos.

Referências:


Ehlert A MS. (2020) The effects of strength and conditioning interventions on golf performance: A systematic review. J Sports Sci. 38(23):2720-2731. doi: 10.1080/02640414.2020.1796470.


Gosheger, G., Liem, D., Ludwig, K., Greshake, O., Winkelmann, W., & Weist, R. (2003). Injuries and overuse syndromes in golf. American Journal of Sports Medicine, 31(3), 438-443.


Smith M. F. (2010). The role of physiology in the development of golf performance. Sports medicine (Auckland, N.Z.), 40(8), 635–655. https://doi.org/10.2165/11532920-000000000-00000

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